21 de março de 2010

Descanse em PAZ!

Sabe quando você está reunido com diversos amigos de longas datas e porventura começa a colocar a conversa em dia cheio de interesse sobre a vida do próximo e também louco pra contar as novidades e de repente como um soco recebe uma notícia de uma grande perda? Foi o que aconteceu comigo no domingo no churrasco na casa do Magú do Diga How quando a Jaqueline Fernandes da Griô Produções disse que a cantora Dina Di tinha falecido...

Essas coisas nunca são bem recebidas em nenhum momento. A solidão logo quer se hospedar, mesmo tendo em volta amigos, mas nesse exato momento você ainda sente solitário.
Faz muito tempo, creio que eu tinha na época uns 14 anos de idade quando comecei a colecionar fitas de RAP e certo dia ganhei uma grana do meu pai e comprei a fita do Câmbio Negro, Código Penal e uma coletânea de RAP nacional. Não me recordo de todas as faixas por que apenas uma prendeu minha mente, pelo fato de ver um flow diferente com agressividade e uma base que pedia realmente aquilo, mas o impressionante veio quando saquei aos 30 segundos da faixa quem fazia aquele RAP era uma mulher, que dizer mulheres.
Visão de Rua era o nome do grupo e “Confidências de uma presidiária” era o nome da canção que virou repeat no meu som e por um bom tempo eu chegava aos amigos já cantando aquela frase “Dina Di se ligue não fique de fora dessa história, estilo de vida, mente esquecida. As condições do presídio são muito precárias, confidências de uma presidiária!”. Fora as colagens que era na voz do Mano Brown que temperava aquele som que foi marcado como clássico pra mim. Logo mais eu mais apaixonado ficava pelo universo que aos poucos eram apresentados como RAP pra mim.
Antigamente meu primo que mora na Ceilândia norte tinha um amigo que tinha TV a cabo e sempre grava o Yo Rap’s e colecionava em fitas VHS clipes que eram transmitidos pelo Rodrigo Brandão e depois que ele me apresentou todo o fim de semana arrumava desculpa pra ir fazer uma visita. Precisava sempre absolver aquela cultura que mais me encantava com cada novo artista que era apresentado.
Tudo bem que quase sempre estava copiando mais videoclipe de Rap gringo, mas aos poucos o RAP nacional começou a trabalhar e apresentar videoclipes. Isso era marcante, pelo fato ver a cultura crescer e achar muito louco aquele som que você escutava em casa virar imagem...
Depois de muitas vezes conheci que era a dona daquela voz que me encantou com o seu flow há uns anos atrás. Sim, ele tinha copiado o clipe “Irmã de Cela” do Visão de Rua e fiquei feliz por ver postura, atitude e enriquecimento desse grupo de RAP feminino que lutava pela discriminação carcerária, machismo e luta pela melhoria na periferia.
Dina Di construiu um império, foi a fundadora dessa futura geração de mulheres que tornaram-se mc’s como Lívia Cruz, Nathy MC e Flora Matos e será ainda um grande exemplo a quem quer fazer uma contribuição a essa cultura.
Dina Di se foi e fiquei muito triste por isso, aliás, o que me deixou mais triste é nunca podemos deixar pra amanhã o que pode se fazer hoje, pelo fato de encontrar ela mesmo distante na premiação do HUTUZ e não pode dizer como fiquei de cara ao ter ouvido pela primeira vez o seu RAP e poder até cantar pra ela como ela me encantou com aquele flow agressivo e também por não poder ter assistido o seu show quando pela primeira vez apresentou em minha cidade e no dia eu pulei o muro de casa na madrugada para ir vê-la com meu primo, mas no meio do caminho fui abordado pela polícia e acusado de ter assaltado um mercado mais cedo. O que resultou em nada, e por fim se entregue em casa e meu pai me dar uma surra por ter fugido na madrugada...
Mas espero onde ela estiver que esteja melhor e que possa juntar-se ao Sabotagem e ao DJ Primo e fazer um grande show aí no céu e colocar todos os anjos com a mão pra cima!

Descanse em Paz Rainha!

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