Classe A

Sabe;
Eu não sei definir qual realmente seria a palavra que descrevesse a sensação de ver palmas e ouvir vozes de todos ao fim do show e pedirem para tocarmos mais uma canção. Talvez seja um sentimento de tranqüilidade ou de percepção que foi concluída mais uma apresentação!

Estamos a mais de duas semanas ensaiando esse show, onde eram passadas uma, duas, três e quatro vezes uma única canção, por que não queríamos que ele estivesse legal e sim que ela estivesse maravilhosa! Que quem escutasse sentisse o mesmo sentimento que eu sinto que não só apreciasse, mas que a emoção tomasse conta e deixasse sua defesa desarmada para poder chegar em casa e fazer um longo comentário do que acabava de presenciar...

Isso chama-se meta, conquista, atitude e desejo de fazer melhor, por que como disse a cantora MC Lyte: “Um artista não apresenta o seu trabalho e diz que ele numa escala de 0 a 10 é 8,5, ele tem que ser 10 para conquistar o mundo!”. E isso está na bandeira do Ataque Beliz ser sempre o melhor e amadurecer em cada novo dia. E por esse fato que quando chegamos à passagem de som, logo de cara encontramos um belo lugar para um grande espetáculo! E por esse fato ele merecia mais ainda, e o público teria a credibilidade de presenciar um grande show. Afinal nosso discurso sempre cobra do mundo um bom som, um bom show, um reconhecimento com artista e respeito que transforma as energias em sentimentos que serão despejados e com isso simplificando a positividade de todo o ambiente e foi isso o que recebemos, onde tivemos todo o cuidado pela equipe de produção que sempre estava presente à procura de querer ajudar em qualquer aspecto. Ter isso é fundamental para aliviar à tensão que corre em nossas veias.

Pontualmente fomos convidados a entrar no palco, no camarim, Higo Melo cobrava de todos o melhor de cada um para colocar brilho no ar dos expectadores e transformar aquela noite num momento inesquecível de todos nós! Em seguida bateram na porta do camarim avisando que chegou o momento da apresentação e como sempre um único pensamento, que se for o último show que seja o melhor. Com isso seguimos, e enquanto montava em seu devido lugar cada instrumento o apresentador contava um pouco de nossa história, ao canto ficamos a espera de partir e sempre nesse momento eu fico ansioso, fecho olhos e agradeço por mais uma apresentação e que Deus me abençoe e mande energias para que eu tenha força o bastante para concluir como sempre fiz em cada apresentação.

Sem muita perda de tempo damos início e de cara colocamos os metais para trabalharem e conquistarem os ouvintes ao som de “Bom Som” que logo em seguida que apreciavam em todos os solos feitos por Marcos Portela no sax Lochabuá no trombone em “Madrugada” onde ela mesma também trouxe magia no solo em “A Poesia”.

Patrick Rerison também levantou o público quando deu início a “Minhas Influências” que deixou geral com olhar fixo no peso que o baixo fazia em cada passagem nas rimas feitas por Alisson Melo. Enquanto Higo Melo fazia a famosa “cama” na música eu fazia a parceria e reforçava os vocais que agradavam cada um de uma forma pessoal se assim posso dizer.

O momento de grande euforia veio quando tocamos “Eu e os Camaradaz” que fez todo mundo colocar a mão pra cima e relembrar quando eu ouvia “Hip-Hop Hooray” de Naughty By Nature isso foi realmente gratificante, por ver todos cantarem e apreciarem que realmente amizade de verdade prevalece.
Logo em seguida quando Cícero Filho deu início aos riffis de guitarra todo já percebeu que “O Giz e o Fuzil” chegava e conquistava mais ainda a quem gostava dela e por isso nosso baterista João Paulo colocou o peso necessário e fez geral ficar de pé e pular junto conosco cada virada que comandava a bateria. E até os break que eram solicitados em despedir dela poderia se ouvir gritos e aplausos pela perfeição que era colocada junto ao sentimento transmitido ao ver Higo Melo dizer: “Quando tudo isso passar eu cantarei a paz, eu cantarei o amor muito mais...”.

Pode até parecer, mas ao fim da música, ela sempre soa como um fim de show, mas nunca podemos fazer isso sem deixar de cantar “Como Poderia” onde muita gente ainda não conhece todos da banda e ao fundo de reggae pude fazer a apresentação de cada integrante e em cada nome surtia o efeito desejado o famoso reconhecimento musical que alimenta cada músico do grupo.

Era para ser a nossa última canção, mas pela primeira vez pude ouvir gritos de todos cobrando mais uma, sei que fiquei sem graça e emocionado por isso acontecer, afinal essa era a resposta que queríamos, conquistamos a todos e por esse fato seria um prazer enorme em fazer mais uma, afinal por que não?
“Puro Extase” foi à faixa escolhida, mesmo sem ensaiar, ela foi pedida e por isso não poderia faltar no show e transformamos tudo numa nostalgia e convidados a todos a voltar aos anos 80 onde Kurtis Blow e Run DMC dava início ao que hoje conhecemos como HIP-HOP e assim finalizamos uma grande apresentação.

Quem foi sabe o que eu to falando, muita VIBE!

Ps. Quero agradecer ao mesário de som, a equipe que cuidava da luz e aos organizadores o grupo Teatral Profª Zilda Dias pelo convite e recepção e grande evento criando.

Fotos: Fernanda Luiza

Mas quem disse que só isso que rolou? Logo em seguida que acabou o show no Teatro Nacional partimos na correria para o outro show programado no Museu Nacional onde assim que chegamos, existia uma multidão por lá já curtia show da grande Banda Homem de Pedra que literalmente só mandou pedras para a galera curtir, em seguida meu camarada e grande MC Nego Dé fez uma grande apresentação, até cantou “Sonhei com paz”. Tive a oportunidade de cantar ali no canto do palco cada parte a espera de ser a próxima banda a se apresentar.

Assim que fomos apresentados mudando o início do repertório do show recente, afinal tem que pessoas que estavam antes no Teatro e iriam também curtir no Museu, por isso, por que não mudar a ordem? Assim cria uma nova expectativa para quem está presente. E foi o que fizemos, “Madrugada” deu partida pra transformar a noite mais sossegada, em seguida “Minhas influências” transformou o groove alá The Roots em geral colocando a mão pra cima e se misturando com as melodias! Mas “Bom Som” foi excitante e contagiou a galera ao ver os metais chegar como uma porrada que fez o público querer bom som e bom show!
Hoje também aquela calmaria, afinal não há MC que sustente um show só de pancada e “A Poesia” foi à suavidade que preencheu a tranqüilidade do ambiente!

A noite estava inspirada assim que fez a tranqüilidade fiz o convite e ele veio, MC Pavão do grupo Aquilombando apresentou-se e chegou cantando “Um Real” pra geral levantar a mão e pedir um real também e o público gostou que nem queria mais parar de cantar o refrão. Pavão fez o discurso de luta, resistência e contente por ver que muita gente tem conscientização e favorecimento em questão de apoio ao Haiti e assim chamaram todos e todas para manter a corrente ao cantar “Haiti” onde o palco ficou cheio com todos os integrantes e ainda participação de DJ Fernando Nitro e DJ Gus na guitarra!
Pavão fechou sua participação com chave de ouro e ficou ali próximo quando o Ataque Beliz retomou o show avisando que agora ninguém ia ficar parado, pois “O Giz e o Fuzil” iria fazer geral bater cabeça e essa energia era transmitida do palco para o público, pois todos estavam numa imensa VIBE.

O melhor de tudo foi que convidados não pensaram em hesitar depois de finalizarem suas participações continuaram ali conosco dando mais peso as canções e a lista foi bem maior no reggae de “Como Poderia” ao apresentar cada integrante e participante, mas nada que atrapalhasse a energia positiva que circulava ali naquele ambiente, a resposta via logo ao olhar e ver geral cantando conosco e por isso ficar de fechar com “Eu e os Camaradaz” foi o melhor momento, afinal todos estavam na mesma energia e queriam curtir na tranqüilidade e o “Hey, oh” fizeram coro que fechou a agenda de domingo com chave de ouro.

Quero agradecer a Jaqueline Fernandes da Griô Produções pelo convite e apreciação por nosso trabalho, saiba que sempre estamos na mesma luta e se for a favor de resistência e luta, conte sempre conosco!

Por hoje é só...

Fotos: Salisa Barbosa