Era moleque, freqüentava a igreja e dava pouco assunto à rua. Mas percebia que a cultura estava presente nos cartazes, bonés, tênis, camisetas, cordões para todos os lados que eu caminhava. Mas reservado apenas para igreja e acostumado a ouvir que pessoas que andam assim são marginais o medo era imenso em querer se envolver com esse mundo sabendo que poderia ter um sério problema com meu pai que era muito rígido nessa questão. Afinal, ele queria que eu fosse algum médico ou um grande empresário.
No final de 80 era complicado ter acesso fácil a coisas culturais. Droga tinha nas esquinas, mas um disco era impossível achar. Mas ainda me recordo na época que certa vez indo na padaria me deparei com uma praça lotada, onde pessoas fizeram uma roda e nisso tinha um som tocando e lá estava meu primo no meio com coreografias inusitadas onde seu corpo parecia que nem osso tinha. Eu fiquei empolgado, pois nunca tinha visto aquilo, nem roda de capoeira eu sabia o que significava ainda. Essa é minha primeira lembrança de algo que poderia acontecer...
Anos se passaram e certa vez meu primo veio com um cassete de um cara chamado Gabriel o Pensador e ele veio catando umas palavras que eram expressivas, ele me dizia que isso era o RAP. Aos poucos a cultura foi me puxando mais para ela. Logo, logo nem meu pai poderia impedir o presságio!
Aos poucos estavam tentando aprender a grafitar vendo desenhos dos “3S” aqui do Distrito Federal. E cada dia estava mais a procura de grupos de RAP. Cada dia mais instigado, consegui fitas VHS com diversos clipes e assim conheci Mulumba Tráfica que em pouco tempo me fez o convite para entrar no seu grupo. E cada ano que se passava estava disputando festivais, assistindo batalhas de break, ficando de cara com os primeiros back too back do DJ Beatles em cada ensaio do Falso Sistema. Assim como estava com imenso sorriso ao grava minha primeira canção e não parara de ouvi-la e emocionado ao vencer um festival de RAP e realizado ao lançar o primeiro CD do meu grupo!
Isso tudo faz parte do mundo que eu sigo e ele chama-se HIP-HOP!
#hiphop36anos
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